sábado, 8 de agosto de 2009

Michelangelo e o Teto do Papa












Suprimi diversas observações sobre este livro porque eram redundantes em relação ao tema já comentado no livro anterior sobre Michelangelo. Por isso, pode parecer incompleto, mas é complementar à outra entra de blog sobre o pintor.

Os afrescos na época de Michelangelo eram instrumentos didáticos de ensino da religião, visto que o povo era muito analfabeto e ignorante e as missas duravam muito tempo, o que permitia que as pinturas fossem apreciadas por aqueles que precisavam ser “educados” nos fundamentos religiosos.

Após a eleição do papa Júlio II em 1503, duas tarefas se impunham como desafios ao novo governante de Roma: reconstruir a cidade – considera a caput mundo ou capital do mundo – e reconquistar a autoridade sobre os cidades papais.

Uma das obras que já estavam em andamento na época da eleição de Júlio II era a reforma da Capela Sistina (de Sisto IV, outro papa que era tio de Julio II), iniciada em 1477. O arquiteto do projeto era Baccio Pontelli. As proporções da capela reproduziam aquelas do templo de Salomão. Além do papel religioso, a capela era uma fortaleza militar que poderia abrigar o pontífice e permitir a defesa de seu soberano. A decoração inicial da capela foi patrocinada por Lorenzo de Medici, após o término da guerra entre Roma e Florença. A inauguração da capela ocorreu em 1483, mas em 1504 apareceram rachaduras no teto, em virtude da inadequação do solo para sustentar construções daquele tipo. O teto da capela – um céu cheio de estrelas – pintado por Piermatteo d´Amelia ficou danificado de forma importante e necessitava de reparos decorativos.

Em 1506 Michelangelo foi convocado pelo papa Julio II para construir o seu túmulo. O artista passou 8 meses em Carrara escolhendo os blocos de mármore que iriam ser utilizados no projeto.

Um obstáculo impedia que o túmulo fosse construído na basílica de São Pedro: esta era inadequada para abrigar o monumento, pois fora construída sobre um terreno pantanoso. A ordem do papa então era colocar abaixo a basílica e construir outra. Na disputa pelo projeto da basílica, dois arquitetos entraram em confronto: Sangallo (amigo de Michelangelo) e Bramante. Foi escolhido o projeto de Bramante. No entanto, a construção da nova basílica automaticamente interrompeu o andamento da realização do megatúmulo, o que deixou Michelangelo furioso e cheio de dívidas terceirizadas do papa. Mas, a ira de Michelangelo ficaria maior pelo novo trabalho que o papa iria demandar do artista: a realização dos afrescos no teto da Capela Sistina. Michelangelo não era um pintor, ele próprio queria ser conhecido como um escultor. Uma das características da rivalidade entre ele e Da Vinci era o pouco caso que este último fazia dos artistas que trabalhavam com mármore. Esta rivalidade entre os dois era tão grande que foi colocada à prova, em 1504, numa disputa de arfrescos que seriam pintados na sala de conferências do Palazzo della Signoria. Lamentavelmente, a disputa não passou da fase dos projetos. Michelangelo retratou a batalha de Cascina, travada entre Florença e Pisa. O esboço mostrava as características típicas da obra de Michelangelo: corpos nus de homens másculos, em posições retorcidas. Da Vinci, por sua vez, recriou uma cena da batalha de Anghiaria e também mostrou um dos seus temas típicos: a ênfase na anatomia dos cavalos. Michelangelo nem chegou a iniciar a pintura. Da Vinci desistiu posterioremente ao ver que sua nova técnica para pintura de afrescos havia fracassado.

Michelangelo era conhecido por ser vil com seus rivais. No caso de Bramante, autor considera possível o artista ter dado a sua versão do episódio sobre o túmulo do papa aos biógrafos e admiradores de Michelangelo, Vasari e Condivi. Segundo o que pensava, os afrescos da Capela Sistina – uma técnica não dominada por Michelangelo – eram uma desculpa para desviar Michelangelo de seu projeto principal, o túmulo de Júlio II. Na cabeça de Michelangelo, Bramante se sentiria ofuscado caso a tumba do papa fosse finalizada com êxito no interior da basílica de São Pedro.

Após a fuga de Michelangelo de Roma, o papa passou a requisitá-lo de forma insistente para que retornasse a fim de iniciar a pintura da Capela Sistina. Após muitas recusas, Michelangelo, finalmente, reencontrou o papa em 1506, na cidade de Bolonha. Julio II, Il terrible, havia liderado as tropas de Roma na reconquista das cidades rebeladas. Não precisou disparar um tiro e sua presença foi intensamente celebrada pelos habitantes. Em Bolonha, ele decidiu erguer uma enorme estátua de bronze sua. A convocação de Michelangelo para a empreitada teve contornos dramáticos, pois era uma tarefa extremamente difícil, ainda mais para Michelangelo, que não dominava a técnica da escultura em bronze. Mas, como prova de sua genialidade e contrariando o prognóstico da opinião pública na época, Michelangelo entregou o monumental trabalho em 1508. Mesmo para os padrões greco-romanos antigos, a estátua impressionou por suas dimensões (4 metros de altura e 4,5 toneladas).

A pintura afresco na Itália tornou-se popular no século XIII, concomitante ao surto construtivo em cidades como Florença. Enquanto no norte da Europa predominavam as tapeçarias e vitrais nas catedrais góticas, na Itália a decoração das paredes era feita com afrescos.

A técnica do afresco envolve a colocação de uma massa (intonaco) por sobre a superfície seca. Durante o período em que esta massa está úmida é superposto o carton, que serve como modelo desenhado para absorção dos pigmentos da pintura. Portanto, o artista tem um tempo limitado de trabalho em decorrência do ressecamento do intonaco.

O projeto original da Capela Sistina, imaginado pelo papa Júlio II era composto por desenhos figurativos e reproduções dos doze díscipulos. Considerado “pobre” por Michelangelo, o projeto foi modificado e passou a ser composto por sete profetas do Antigo Testamento e cinco sibilas da mitologia pagã. Algumas influências que Michelangelo teve foram os trabalhos dos artistas Quercia com cenas do Gênesis na grande porta central da igreja de São Petrônio (porta magna) em Bolonha e Ghiberti nas porta do Batistério de San Giovanni.

Antes da execução dos afrescos, propriamente dito, era necessário a retirada da pintura antiga e preparação do local para recebimento do novo projeto. Isto foi feito por um amigo de Michelangelo, chamado Rosselli, que em três meses, retirou a massa antiga e a substitui por outra denominada arricio. A tarefa demandava a contrução de um andaime que foi aproveitado por Michelangelo e seus assistente na execução dos afrescos. O andaime deveria estar colocado de forma que não atrapalhasse o andamentos dos trabalhos religiosos que ocorriam em baixo. A solução encontrada para conciliar os dois objetivos (a pintura dos afrescos com segurança e mobilidade e manutenção das atividades religiosas mesmo durante a restauração e pintura do teto) foi criar um andaime em forma de arco. O arco distribui o peso de forma inteligente para as duas extremidades, o que permite que se tenham poucas estruturas de sustentação e uma região central disponível para o trabalho.

A pintura dos afrescos da Capela Sistina começou com a cena do Dilúvio. A opção desta cena como a primeira a ser executada se deu pela localização discreta do local, que seria menos visível caso a experiência inicial de Michelangelo com o afresco não fosse tão bem sucedida. O Dilúvio tem influências de um outro trabalho denominado A Batalha de Cascina, com o qual Michelangelo se apresentou para disputa com Leonardo da Vinci. No entanto, na comparação com o afresco pintado inicialmente por Rafael, Disputa, este era mais harmonioso.

A cena seguinte do Gênesis que foi pintada, A Embriaguez de Noé, ainda mostrava um Michelangelo pouco à vontade na técnica de afrescos, muito influenciado pelo modo de pensar da escultura. Ao contrário das figuras de Rafael, os personagens de Michelangelo parecem petrificados. Rafael deve ter se inspirado em Leonardo da Vinci que era mestre em compor grupos animados.

Michelangelo seria “colocado” em disputa mais uma vez, ao saber que Rafael era o pintor que executaria os afrescos dos aposentos papais. Na verdade, a escolha por Rafael ocorreu posteriormente ao início dos trabalhos por uma equipe experiente de pintores de afresco, vários dos quais haviam realizado as pinturas das parede laterais da Capela Sistina. Diferentemente de Michelangelo, Rafael era uma pessoa mais solícita e sociável, estava sempre cercado por apredizes e mantinha boas relações com o papa. No que se refere ao trabalho, propriamente dito, Rafael não mantinha segredo sobre o que estava pintando, enquanto Michelangelo fazia questão de esconder o que estava realizando.

O primeiro profeta a ser pintado foi Zacarias, colocado logo na porta de entrada. Zacarias foi o profeta que previu a reconstrução do templo de Salomão. O Zacarias de Michelangelo tinha traços físicos do papa Júlio II, vestia as cores da família do papa e estava acima do brasão da família dele, isto é, era uma homenagem a Júlio II.

Sobre as Sibilas, alguma coisa já foi comentada na entrada sobre outro livro de Michelangelo e o teto da Capela Sistina. Sibilas eram personagens da mitologia greco-romana que tinham o poder de prever o futuro em surtos de loucura inspirada, por meio de enigmas. Uma compilação dessas previsões circulava em Roma, na época de Michelangelo, o Oracula sibyllina.

Apesar de serem personagens de uma mitologia específica, pessoas importantes dentro da igreja cristã creditavam essas previsões por anteciparem, entre outras coisas, a Paixão de Cristo.

A primeira sibila pintada por Michelangelo foi a Délfica. Ela informou Édipo que este mataria o pai e desposaria a mãe. Esta sibila vivia no monte Parnaso e a entrada do templo de Apolo em que residia tinha a inscrição “Conhece a ti mesmo”. Esta sibila também previu a Paixão de Cristo.

Nota: na época da pintura dos afrescos do teto da Capela Sistina, Roma – isto é, o papa – estava em guerra com a França. Um dos aliados do papa nesssa guerra era a Federação Helvética que emprestou seus guardas suíços ao papa. Os suíços, na época, eram os soldados mais preparados na Europa e muito temidos. Eles revolucionaram o uso da lança e eram divididos em batalhões muito organizados.


2 comentários:

  1. odiei nao eu queria mais resumido possivel, refaça tudo!
    grata monica correi

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  2. Minha filha, eu não escrevo para você. O meu blog é um diário das coisas que me dão prazer, dos fatos relevantes da MINHA VIDA e isto inclui o conteúdo dos livros que não quero esquecer. O que está relatado não é pra você achar que deve estar resumido. Na verdade ele representa uma lembrança das coisas mais importantes para meu conhecimento. Caso queira saber mais sobre o assunto, compre-o e leia.

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