domingo, 30 de agosto de 2009

esporte e vida

O texto a seguir foi publicado na coluna do Renato Dutra (Veja). Achei interessante e queria mantê-lo para me lembrar (e relembrar) de vez em quando.

Quem gosta de esportes sabe que o nome mais falado nos últimos dias é o do fantástico velocista jamaicano Usain Bolt. Afinal, é cada vez mais rara uma quebra de recorde mundial nas provas de velocidade do atletismo. Ele quebrou dois em menos de uma semana: 100m e 200m. Não bastasse deixar o mundo de boca aberta com suas marcas impressionantes, Bolt ainda esbanja facilidade no que faz. Corre de forma leve e alegre. Poderíamos ficar enumerando as qualidades inacreditáveis desse atleta por horas, mas o que me interessa aqui é saber o que podemos aprender com esse campeão. Vamos ver:

1- Foco. Após ter obtido a sensacional marca de 19.19s nos 200m, Bolt declarou: “Não estava pensando no recorde mundial. Eu estava trabalhando na minha largada durante toda a temporada e hoje eu acertei.” Muitas vezes pensamos somente no resultado e esquecemos o que é realmente necessário para alcançar os objetivos esperados. Por exemplo, muita gente diz que quer emagrecer, mas quantos realmente passam o ano inteiro adotando hábitos que levem a este resultado?

2- Melhorar os pontos fracos. O ponto mais fraco de Bolt é justamente a largada, onde ele geralmente leva desvantagem em relação a quase todos os seus rivais. Durante meses ele trabalhou duro para melhorar esta deficiência. É exatamente isso que devemos fazer. No entanto, na maioria das vezes acabamos fazendo apenas aquilo que nos dá prazer. Por exemplo: corredores adoramos correm, mas quando se trata de fortalecer os músculos… E todos sabem que isso é importante no resultado da corrida.

3- Realizar os movimentos de forma relaxada. Talvez a maior característica de Bolt seja a facilidade e leveza com que corre. Bolt faz parecer fácil a proeza de correr tão rápido. Claro que se trata de um ser humano muito privilegiado, mas podemos nos espelhar em seu padrão de movimentos: concentrado e ao mesmo tempo harmonioso. E são justamente os tiros velozes e curtos (50-100m) que melhoram a nossa eficiência para correr. Por que não incluir alguns tiros curtos após o aquecimento?

4- Praticar sua atividade com alegria. Bolt vem mostrando que, mesmo competindo e buscando o melhor resultado, podemos praticar exercícios de forma alegre. Não é preciso “fechar a cara”, com expressão de sofrimento no rosto. Aliás, se o exercício for só sofrimento, a chance de ele ser abandonado é grande. Observo muita gente caminhando, correndo ou fazendo exercícios na academia vivendo em seu próprio mundo, sem interagir com outras pessoas à sua volta. Poderia ser tudo diferente, com mais camaradagem entre os praticantes, o que tornaria o exercício mais prazeroso a todos.

domingo, 23 de agosto de 2009

valores...

Gosto do suplemento "Revista" que sai aos domingos no jornal "O Globo". O desta semana tem uma reportagem interessante sobre fotografias e um artigo de um colunista convidado, médico como eu, mas cirurgião plástico. Não nasci com o dom da escrita, mas admiro livros bem narrados e, consequentemente, escritores com a vocação natural para o seu ofício. Quando li "Estação Carandiru" de Drauzio Varella, fiquei surpreso em saber que era médico. Na época pensei "como escreve bem..nem parece médico". Diferente do tal "colunista convidado" desta semana, que resolveu descrever uma experiência gastronômica na Provence e ficou comparando de maneira fria e sem graça o ofício do chef ao seu próprio. Parecia que eu estava lendo um relatório de prontuário. Tudo muito chato, objetivo e sem criatividade. E no final - para coroar toda aquela esnobice gastronômica - um comentário sobre o preço do jantar (150 euros por pessoa) e "como são caros os bons restaurantes no Rio". Acho de uma grosseria imensa esses comentários sobre preço das coisas. Totalmente dispensáveis. Mas, já que é para atribuir valores, eu tento me imaginar naquela livraria maravilhosa do Louvre, cheio de livros de arte de todo tipo, com 150 euros ou mais para gastar. Aquilo, sim, é um sonho de "consumo". A renascença, os livros de fotografia, a biografia dos grandes artistas etc.

domingo, 16 de agosto de 2009

Os amigos da dança de salão

De todas as turmas de que participei, a que mais me marcou foi a de quinta-feira, às 20:30h, no Jaime Arôxa de Botafogo (93). Eu e a Débora havíamos começado numa turma de sexta à noite e migramos para esta outra turma quando a primeira acabou. É uma turma de dança de salão. Mistura de jovens, idosos, bolsistas, médicos, dentistas, professores etc. Como qualquer turma de dança de salão, uma verdadeira comunhão de pessoas das mais diversas áreas que se encontram duas vezes por semana para desestressar, balançar o esqueleto, colocar o corpo em movimento, fazer uma terapia para o corpo, a mente e o espírito. No meu caso, é tudo isso e uma atividade lúdica também. É o momento em que dou asas à imaginação e gosto de criar dentro das regras de dança de salão que me são passadas. Fico impressionado como uma atividade corporal estimula tanto nossa mente o tempo inteiro. E com o tempo, o pensar a dança fica natural, fluido. O meu corpo responde prontamente aos comandos do cérebro, o hiato de tempo que existe entre a ordem que vem de cima e a execução de braços, pernas e tronco fica menor.
Mas, voltando a nossa ex-turma. Acabamos saindo porque a Débora estava com dificuldade de cumprir os horários. Achei melhor sair porque da maneira que estava me estressava muito. E dançar não é isso...A Débora saiu de vez e eu segui o meu caminho na escola, em outras turmas de salsa e samba/forró. Mas, a curiosidade dos colegas daquela turam com o que havia acontecido conosco continuava. Sinal de que marcamos nossa passagem de alguma forma. Muitos, inclusive o casal de professores, perguntavam o que havia acontecido. Mas, foi somente há pouco tempo, que uma aluna, a Rowena, se lembrou que tinha guardado meu email e fez contato. "Onde vcs estão?", "Estão todos perguntando por vcs". Três meses haviam passado, o casal de professores - Marco e Elaine - tinha se casado e eu havia mudado de ritmo. Mas, a amizade continuava lá. Naquele pedacinho de chão, no espaço da escola, todas as terças e quintas, onde havíamos dançado juntos por tanto tempo. Ontem foi a confraterniazação da turma. De pronto, havia confirmado nossa presença e quando nos encontramos novamente, tudo foi festa. Colocamos o papo em dia, falamos de tango, hábitos de vida, alimentação, experiências de vida, um pouco de trabalho... Nada daquela conversa chata de médicos, apesar de vários deles estarem na mesa. Mas, eram todos com uma coisa em comum: o prazer de dançar.

sábado, 15 de agosto de 2009

Moça com Brinco de Pérola





















Livro da escritora Tracy Chevalier inspirado num quadro do pintor holandês Vermeer.
Estava apenas olhando o que havia de interessante na Saraiva esta semana, não tinha intenção de compra coisa alguma, até porque as despesas do casamento estão me restringindo, mas encontrei um livro que procurava tempos atrás. Não lembrava do nome dele, mas sabia que era inspirado num quadro. Já tinha esquecido do assunto, quando me deparo com o livro por acaso. Não resisti e comprei. Ainda bem que resisti e não quis comprar uma coleção enorme sobre pintores renascentistas italianos (rs). Bem, mas voltando ao romance, a autora é fascinada pelas obras de Vermeer e a partir do quadro "Moça com Brinco de Pérola" criou uma história cheia de nuances. A vida de uma moça holandesa, da pequena cidade de Delft, que se vê obrigada a trabalhar como criada para ajudar no sustento da família. Os personagens e a trama são muito bem construídos, o jogo psicológico que existe entre os vários protagonistas é muito bem amarrado. Os detalhes da vida social da Holanda no século XVII são descritos de uma forma muito natural, como se estivéssemos vivendo nessa época. Não há surpresas ou sustos, reviravoltas sem sentido ou apelações para tornar a história interessante. É simplesmente uma ficção muito bem contada a partir de um quadro famoso e, provavelmente, de muita pesquisa. Surpresa eu tive, ao constatar tantos elementos harmônicos numa obra ficcional, que recria com grande imaginação uma pequena história doméstica, na Holanda do século XVII. Ótima leitura.

sábado, 8 de agosto de 2009

Michelangelo e o Teto do Papa












Suprimi diversas observações sobre este livro porque eram redundantes em relação ao tema já comentado no livro anterior sobre Michelangelo. Por isso, pode parecer incompleto, mas é complementar à outra entra de blog sobre o pintor.

Os afrescos na época de Michelangelo eram instrumentos didáticos de ensino da religião, visto que o povo era muito analfabeto e ignorante e as missas duravam muito tempo, o que permitia que as pinturas fossem apreciadas por aqueles que precisavam ser “educados” nos fundamentos religiosos.

Após a eleição do papa Júlio II em 1503, duas tarefas se impunham como desafios ao novo governante de Roma: reconstruir a cidade – considera a caput mundo ou capital do mundo – e reconquistar a autoridade sobre os cidades papais.

Uma das obras que já estavam em andamento na época da eleição de Júlio II era a reforma da Capela Sistina (de Sisto IV, outro papa que era tio de Julio II), iniciada em 1477. O arquiteto do projeto era Baccio Pontelli. As proporções da capela reproduziam aquelas do templo de Salomão. Além do papel religioso, a capela era uma fortaleza militar que poderia abrigar o pontífice e permitir a defesa de seu soberano. A decoração inicial da capela foi patrocinada por Lorenzo de Medici, após o término da guerra entre Roma e Florença. A inauguração da capela ocorreu em 1483, mas em 1504 apareceram rachaduras no teto, em virtude da inadequação do solo para sustentar construções daquele tipo. O teto da capela – um céu cheio de estrelas – pintado por Piermatteo d´Amelia ficou danificado de forma importante e necessitava de reparos decorativos.

Em 1506 Michelangelo foi convocado pelo papa Julio II para construir o seu túmulo. O artista passou 8 meses em Carrara escolhendo os blocos de mármore que iriam ser utilizados no projeto.

Um obstáculo impedia que o túmulo fosse construído na basílica de São Pedro: esta era inadequada para abrigar o monumento, pois fora construída sobre um terreno pantanoso. A ordem do papa então era colocar abaixo a basílica e construir outra. Na disputa pelo projeto da basílica, dois arquitetos entraram em confronto: Sangallo (amigo de Michelangelo) e Bramante. Foi escolhido o projeto de Bramante. No entanto, a construção da nova basílica automaticamente interrompeu o andamento da realização do megatúmulo, o que deixou Michelangelo furioso e cheio de dívidas terceirizadas do papa. Mas, a ira de Michelangelo ficaria maior pelo novo trabalho que o papa iria demandar do artista: a realização dos afrescos no teto da Capela Sistina. Michelangelo não era um pintor, ele próprio queria ser conhecido como um escultor. Uma das características da rivalidade entre ele e Da Vinci era o pouco caso que este último fazia dos artistas que trabalhavam com mármore. Esta rivalidade entre os dois era tão grande que foi colocada à prova, em 1504, numa disputa de arfrescos que seriam pintados na sala de conferências do Palazzo della Signoria. Lamentavelmente, a disputa não passou da fase dos projetos. Michelangelo retratou a batalha de Cascina, travada entre Florença e Pisa. O esboço mostrava as características típicas da obra de Michelangelo: corpos nus de homens másculos, em posições retorcidas. Da Vinci, por sua vez, recriou uma cena da batalha de Anghiaria e também mostrou um dos seus temas típicos: a ênfase na anatomia dos cavalos. Michelangelo nem chegou a iniciar a pintura. Da Vinci desistiu posterioremente ao ver que sua nova técnica para pintura de afrescos havia fracassado.

Michelangelo era conhecido por ser vil com seus rivais. No caso de Bramante, autor considera possível o artista ter dado a sua versão do episódio sobre o túmulo do papa aos biógrafos e admiradores de Michelangelo, Vasari e Condivi. Segundo o que pensava, os afrescos da Capela Sistina – uma técnica não dominada por Michelangelo – eram uma desculpa para desviar Michelangelo de seu projeto principal, o túmulo de Júlio II. Na cabeça de Michelangelo, Bramante se sentiria ofuscado caso a tumba do papa fosse finalizada com êxito no interior da basílica de São Pedro.

Após a fuga de Michelangelo de Roma, o papa passou a requisitá-lo de forma insistente para que retornasse a fim de iniciar a pintura da Capela Sistina. Após muitas recusas, Michelangelo, finalmente, reencontrou o papa em 1506, na cidade de Bolonha. Julio II, Il terrible, havia liderado as tropas de Roma na reconquista das cidades rebeladas. Não precisou disparar um tiro e sua presença foi intensamente celebrada pelos habitantes. Em Bolonha, ele decidiu erguer uma enorme estátua de bronze sua. A convocação de Michelangelo para a empreitada teve contornos dramáticos, pois era uma tarefa extremamente difícil, ainda mais para Michelangelo, que não dominava a técnica da escultura em bronze. Mas, como prova de sua genialidade e contrariando o prognóstico da opinião pública na época, Michelangelo entregou o monumental trabalho em 1508. Mesmo para os padrões greco-romanos antigos, a estátua impressionou por suas dimensões (4 metros de altura e 4,5 toneladas).

A pintura afresco na Itália tornou-se popular no século XIII, concomitante ao surto construtivo em cidades como Florença. Enquanto no norte da Europa predominavam as tapeçarias e vitrais nas catedrais góticas, na Itália a decoração das paredes era feita com afrescos.

A técnica do afresco envolve a colocação de uma massa (intonaco) por sobre a superfície seca. Durante o período em que esta massa está úmida é superposto o carton, que serve como modelo desenhado para absorção dos pigmentos da pintura. Portanto, o artista tem um tempo limitado de trabalho em decorrência do ressecamento do intonaco.

O projeto original da Capela Sistina, imaginado pelo papa Júlio II era composto por desenhos figurativos e reproduções dos doze díscipulos. Considerado “pobre” por Michelangelo, o projeto foi modificado e passou a ser composto por sete profetas do Antigo Testamento e cinco sibilas da mitologia pagã. Algumas influências que Michelangelo teve foram os trabalhos dos artistas Quercia com cenas do Gênesis na grande porta central da igreja de São Petrônio (porta magna) em Bolonha e Ghiberti nas porta do Batistério de San Giovanni.

Antes da execução dos afrescos, propriamente dito, era necessário a retirada da pintura antiga e preparação do local para recebimento do novo projeto. Isto foi feito por um amigo de Michelangelo, chamado Rosselli, que em três meses, retirou a massa antiga e a substitui por outra denominada arricio. A tarefa demandava a contrução de um andaime que foi aproveitado por Michelangelo e seus assistente na execução dos afrescos. O andaime deveria estar colocado de forma que não atrapalhasse o andamentos dos trabalhos religiosos que ocorriam em baixo. A solução encontrada para conciliar os dois objetivos (a pintura dos afrescos com segurança e mobilidade e manutenção das atividades religiosas mesmo durante a restauração e pintura do teto) foi criar um andaime em forma de arco. O arco distribui o peso de forma inteligente para as duas extremidades, o que permite que se tenham poucas estruturas de sustentação e uma região central disponível para o trabalho.

A pintura dos afrescos da Capela Sistina começou com a cena do Dilúvio. A opção desta cena como a primeira a ser executada se deu pela localização discreta do local, que seria menos visível caso a experiência inicial de Michelangelo com o afresco não fosse tão bem sucedida. O Dilúvio tem influências de um outro trabalho denominado A Batalha de Cascina, com o qual Michelangelo se apresentou para disputa com Leonardo da Vinci. No entanto, na comparação com o afresco pintado inicialmente por Rafael, Disputa, este era mais harmonioso.

A cena seguinte do Gênesis que foi pintada, A Embriaguez de Noé, ainda mostrava um Michelangelo pouco à vontade na técnica de afrescos, muito influenciado pelo modo de pensar da escultura. Ao contrário das figuras de Rafael, os personagens de Michelangelo parecem petrificados. Rafael deve ter se inspirado em Leonardo da Vinci que era mestre em compor grupos animados.

Michelangelo seria “colocado” em disputa mais uma vez, ao saber que Rafael era o pintor que executaria os afrescos dos aposentos papais. Na verdade, a escolha por Rafael ocorreu posteriormente ao início dos trabalhos por uma equipe experiente de pintores de afresco, vários dos quais haviam realizado as pinturas das parede laterais da Capela Sistina. Diferentemente de Michelangelo, Rafael era uma pessoa mais solícita e sociável, estava sempre cercado por apredizes e mantinha boas relações com o papa. No que se refere ao trabalho, propriamente dito, Rafael não mantinha segredo sobre o que estava pintando, enquanto Michelangelo fazia questão de esconder o que estava realizando.

O primeiro profeta a ser pintado foi Zacarias, colocado logo na porta de entrada. Zacarias foi o profeta que previu a reconstrução do templo de Salomão. O Zacarias de Michelangelo tinha traços físicos do papa Júlio II, vestia as cores da família do papa e estava acima do brasão da família dele, isto é, era uma homenagem a Júlio II.

Sobre as Sibilas, alguma coisa já foi comentada na entrada sobre outro livro de Michelangelo e o teto da Capela Sistina. Sibilas eram personagens da mitologia greco-romana que tinham o poder de prever o futuro em surtos de loucura inspirada, por meio de enigmas. Uma compilação dessas previsões circulava em Roma, na época de Michelangelo, o Oracula sibyllina.

Apesar de serem personagens de uma mitologia específica, pessoas importantes dentro da igreja cristã creditavam essas previsões por anteciparem, entre outras coisas, a Paixão de Cristo.

A primeira sibila pintada por Michelangelo foi a Délfica. Ela informou Édipo que este mataria o pai e desposaria a mãe. Esta sibila vivia no monte Parnaso e a entrada do templo de Apolo em que residia tinha a inscrição “Conhece a ti mesmo”. Esta sibila também previu a Paixão de Cristo.

Nota: na época da pintura dos afrescos do teto da Capela Sistina, Roma – isto é, o papa – estava em guerra com a França. Um dos aliados do papa nesssa guerra era a Federação Helvética que emprestou seus guardas suíços ao papa. Os suíços, na época, eram os soldados mais preparados na Europa e muito temidos. Eles revolucionaram o uso da lança e eram divididos em batalhões muito organizados.


Os Segredos da Capela Sistina













Este é um livro polêmico que discute as possíveis mensagens ocultas do afresco do teto da capela Sistina. Acho algumas explicações duvidosas e mirabolantes, mas há muita informação interessante e possível também. Ganhei este livro no dias dos namorados ele aborda diversos temas que gosto muito: religião, mitos, arte, história, biografia e um tema que me interessa muito no momento, a Itália. Local onde passarei a lua-de-mel. Tenho estudado muito sobre a língua, cultura e arte italiana e este livro só veio me incentivar. Aqui estão algumas anotações que fiz a partir da leitura do livro.

Davi

Encomenda da cidade de Florença a Michelangelo, após seu retorno à cidade. Além de um Davi, foi encomendado um Hércules (trabalho de outro escultor). As estátuas seriam colocadas nos contrafortes da catedral e simbolicamente vigiariam a cidade. Também celebravam a libertação dos franceses e monges dominicanos.

Michelangelo escolheu um bloco de mármore já usado para esculpir Davi. A estátua realça a beleza do nu masculino. A cabeça, mãos e pés são desproporcionais para enfatizar a grandeza do personagem quando visto de baixo. Os olhos são profundo e separados – também estrábicos – para que desse uma impressão que estavam olhando para o infinito, quando houvesse a incidência da luz.

A escultura foi considerada tão bela que escolheu-se um novo lugar para colocá-la: em frente ao prédio do governo (onde hoje existe uma cópia). Atualmente, está protegida na Galleria Dell´Accademia.


Pietà

Corresponde ao hebraico rachmanut, combinação de compaixão, pena, consolo, amor, pesar e cuidado. Representação do corpo de Jesus morto nos braços de Maria.

Encomenda do cardeal Bilherès de Lagraulas – embaixador da França na Santa Sé - a Michelangelo, no período em que este morava em Roma. O cardeal morreu antes do término do trabalho e o próprio Papa Alexandre VI ficou com a encomenda.

Na época era proibido pela igreja a assinatura de obras pelo artista. Michelangelo o fez na faixa que atravessa o corpo de Maria. Uma letra M maiúscula também está presente na palma da mão esquerda de Maria. A Pietà é a única obra de Michelangelo que leva sua assinatura.

Uma coisa que chama atenção na escultura é que Maria é representada mais jovem. Isto foi bastane criticado na época, como um descuido de Michelangelo.


Sagrada Família

Encomenda para celebrar o casamento entre filhos da família Doni e Strozzi, clãs rivais dos Médici em Florença.

Inspirada numa outra Sagrada Família de Luca Signorelli, o quadro chama atenção pela influência de figuras mitológicas (eu diria a influência da arte clássica greco-romana), uma Maria musculosa e semelhante a uma sibila, um João Batista semelhante a um fauno e as cores brilhantes empregadas.


Teto da Capela Sistina

Um afresco de mais de 1000 m² encomendado pelo papa Julio II, visto que a capela construída anteriormente estava se deteriorando, juntamente com o teto de estrelas (sonho de Jacó). Michelangelo levou pouco mais de quatro anos para terminar este trabalho.

Um dos motivos que desagradavam Michelangelo era a simplicidade do teto, em contraposição às descobertas que estavam sendo feitas acerca das obras do período greco-romano.

O personagem que se encontra na entrada da capela é o profeta Zacarias – que não era o mais importante dos profetas. Zacarias se encontra no lugar onde o papa queria que estivesse Jesus. Zacarias está representado pela imagem do próprio papa. Zacarias é o profeta que adverte os sacerdotes corruptos (referência indireta ao próprio Julio II). Também é o profeta da consolação e redenção. Um dos putti atrás de Zacarias está fazendo um símbolo obsceno para o mesmo.

Modo de pensar de um artista renascentista (que poderia ter sido inspirado em Filo de Alexandria – filósofo judeu): conceber o projeto na mente, depois fazer esboços no papel e finalmente concretizá-los no material escolhido.

A visão a partir do menor dos discos de pórfiro no centro do piso da capela permite uma visão unificadora do teto, sem distorções. O eixo de união entre o céu e a terra.

O teto da capela sistina deveria representar figuras do Novo Testamento, mas o que se fez foi uma representação de personagens e histórias do Antigo Testamento. A única referência ao tema original é uma série de painéis com os ancestrais de Jesus. Acima dos painéis estão triângulos contendo representações de famílias judias, em que a figura do feminino é importante. É a mãe quem mantém viva a fé e a descendência da família. A mulher também é importante pela componente de harmonia com o masculino, segundo a cabala. Os triângulos acima dos painéis com os ancestrais de Jesus, formam uma unidade, cujo significado é dizer que são todos de uma mesma família, são todos iguais. Um dos ancestrais, Aminadab, localizado acima do trono do papa é a representação de um judeu perseguido (atentar para o selo amarelo no braço) e que faz um sinal do diabo com os dedos, apontando para o local onde o papa se senta.

Os quatro cantos do teto são ocupados por representações de feitos heróicos judeus (ou os quatro exílios a que foram submetidos o povo judeu): Judite e Davi/Golias (ala de Zacarias), Ester e Amã e Moisés.

A representação de Judite e Holofernes simboliza a letra het. Het representa Chessed, o aspecto feminino da Árvore da Vida.

Por sua vez, Davi e Golias simbolizam na pintura uma letra hebraica guimel. Guimel representa Guevurá, o lado masculino forte da Árvore da Vida.

Portanto, colocando-se junto à porta do papa (onde está o profeta Zacarias) veremos estas duas representações.

Sibilas previam fatos futuros (como oráculos), diferentemente de profetas que eram mensageiros.

A igreja católica aceitava três sibilas pagãs: tiburtina (previu o advento de Jesus a César Agusuto, a conversão de Constantino e que o anticristo seria judeu), helespôntica (previu a crucificação) e sâmia (previu que Jesus nasceria num estábulo). Nenhuma delas foi retratada por Michelangelo na capela Sistina.

As cinco sibilas da capela: délfica, eritréia, cumana, persa e líbia.

Notar que o braço da sibila eritréia é inspirado no braço direito do Davi de Michelangelo. Os modelos de Michelangelo eram masculinos, por isso as mulheres são tão musculosas.

O mesmo braço musculoso pode ser notado na sibila persa, que é uma mulher de idade avançada.

A sibila líbia, na verdade, era do Egito. Foi ela quem previu as conquistas de Alexandre.

A sibila cumana é a mais velha e famosa de todas. Fez um acordo com Apolo – que a queria – de manter-se imortal. Mas, após tê-lo recusado, Apolo deixou que a sibila fosse imortal, mas envelhecendo progressivamente. A mesma encolheu paulatinamente. Esta sibila também parece ter antecipado o nascimento de Cristo e, de forma oportuna, os seguidores de Júlio II teriam dito que esta sibila também antecipou a idade de ouro iniciada com este papa. É a sibila de Roma – e consequentemente do papa. Notar o putto fazendo o sinal da figa para essa sibila.

As imagens das sibilas se alternam com os profetas e, segundo o autor do livro, cada sibila está representada ao lado (??) dos quatro exílios.

São representados sete profetas no teto: Zacaria, Jeremias, Daniel, Isaías, Jonas, Joel e Ezequiel.

Jeremias, o profeta que alertou os sacerdotes corruptos do Templo Sagrado – está pintado acima do trono papal, em posição pensativa, o signum harpocraticum (um gesto da mão sobre a boca), também visto numa escultura da Sagrestia Nuova. Diferentemente de outros profetas, Jeremias usa botas, o que representaria a profanação do solo sagrado (no caso, pelo papa). A personagem que segura o nome de Jeremias é uma mulher seminua – diferentemente dos outros profetas – talvez para representar a vida devassa do papa.

A figura que se destaca entre todas no teto da capela é a do profeta Jonas. A sua representação tem um aspecto tridimensional. Michelangelo se compara a Jonas, como o profeta encarregado por Deus de alertar os pecadores para se arrependerem. Assim como Jonas, Michelangelo, inicialmente, procura fugir de sua missão, mas é quase que obrigado a executá-la.

Os painéis foram elaborados como trípticos. A primeira sequência de trípticos foi sobre Noé – que começa na porta do papa (onde está o profeta Zacarias). Após a pintura deste tríptico, os afrescos foram expostos ao público (contra a vontade Michelangelo) durante a festa da Assunção. Durante a exibição, Michelangelo percebeu que os personagens eram muito numeroso e pequenos. A partir daí, as cenas passaram a envolver menos figuras, que eram maiores e, portanto, mais fáceis de serem identificadas. Nesse período intensificou-se a rivalidade entre Michelangelo e Rafael. Este último, após ver maravilhado os afresco da Sistina, quis terminá-los e, inclusive, pediu ajuda a Bramante para ajudá-lo junto ao papa, o que muito irritou Michelangelo.

O último painel pintado – na verdade, o que dá início à sequência – é a criação. Deus cria o mundo separando (luz das trevas, por exemplo). Este painel foi pintado em um dia apenas, sem que houvesse qualquer esboço. Michelangelo já estava de saco cheio.

O segundo painel refere-se à criação do sol e da lua. Notar Deus de costas para o ponto em que o papa estaria sentado, mostrando o traseiro..

O terceiro painel é a separação das águas da terra. Notar o formato de um rim.

Quarto painel: a criação de Adão. Notar Deus compondo um encéfalo em corte sagital. A cena dos dedos deste painel é famosa mundialmente. Mas, ela só se tornou famosa na segunda metade do século XX a partir de uma coleção de três volumes da editora Albert Skira.

Quinto painel: a criação de Eva.

Sexto painel: Fruto proibido. Notar que a árvore do conhecimento é uma figueira (tradição judaica) e não uma macieira (tradição cristã). O anjo que bane é irmão gêmeo da serpente. A serpente possui forma humana (tradição judaica).

Sétimo painel: O sacrifício de Noé. Após o dilúvio, Noé constrói um altar para Deus. Noé aponta para o céu, a fim de reforçar que só existe um Deus. Duas figuras à esquerda de Noé aparecem escurecidas. Fazem parte de um pedaço do afresco que se soltou e foi recriado por Carnevali em 1568. Uma das figuras usa o louro da vitória da deusa Nike, personagem que não deveria existir na pintura original.

Oitavo painel: O dilúvio. A representação da arca de Noé é fiel à bíblio judaica. Trata-se de uma caixa que só conseguiu flutuar por ajuda divina. Nas laterais estão um burro (à direita) e dois pecadores com as cores de Roma. Representam uma representação irônica do papa. Uma parte do afresco caiu em 1765 – decorrente de uma explosão – e nunca foi reparada.

Nono painel: A embriaguez de Noé. Noé planta um vinhedo e inventa o vinho após salvar a Terra e construir o altar. Cam, um dos filhos de Noé, chama os outros dois irmãos para ver o estado em que se encontra o pai. Eles se aproximam com vestimentas e de costas para o pai. Noé acorda furioso com o que fez Cam. Há uma possível relação incestuosa homoerótica envolvida nesse caso.


Moisés

Após a pintura do teto da capela Sistina, Michelangelo retomou o outro projeto encomendado pelo papa Julio II: a construção da tumba que ficaria no interior da basílica de São Pedro. Interessante notar que o teto da capela sistina é uma versão bidimensional do projeto da tumba de Julio II.

A tumba seria construída como uma pirâmide. A base teria um formato retangular, influenciada pela arquitetura greco-romana. Seis esculturas deste nível foram iniciadas, duas delas estão expostas no Louvre e outras quatro na Accademia de Florença. O segundo nível da pirâmide teria dois profetas do Antigo Testamento e dois santos cristãos. Um dos profetas foi terminado e é Moisés. No topo da pirâmide estaria o esquife com o corpo de Julio II sustentado por dois anjos. Na teoria nos níveis da pirâmide representariam o sucessionismo: filosofia e reliões pagãs, judaísmo e cristianismo.

O Moisés de Michelangelo, portanto, era uma escultura originalmente pensada para estar num nível intermediário de altura de uma tumba, isto é acima das nossas cabeças. O rosto de Moisés e as duas protuberâncias na cabeça forma imaginadas para refletir a luz do sol, criando um efeito especial. Do nível em que estaria o espectador, não seria visto chifre algum.

Do projeto original do túmulo de Julio II, foi erguido apenas uma tumba com três estátuas feitas por Michelangelo. O Moisés e as matriarcas Lia e Raquel. Este monumento mudou de localização e foi colocado a igreja San Pietro in Vincoli. Como a mudança de local também implicava na mudança do efeito visual da luz, Michelangelo reconstruiu partes da escultura.


Vitória

Escultura de 1532-1534 (Palazzo Vecchio, Florença) que mostra um jovem musculoso fazendo prisioneiro um homem mais velho. Seria uma alusão ao amor homossexual de Michelangelo (o homem mais velho domado) por Tommaso dei Cavalieri (o jovem). Curiosamente, o rosto da estátua de Giuliano de Medici, na sacristia da Igreja de San Lorenzo, é idêntico ao rosto do jovem da Vitória.


Painel Frontal da Capela Sistina (O Juízo Final)

Encomenda do papa Clemente VII que substituiu o afresco pintado por Pinturicchio e outro da equipe de Botticelli.

A parte superior do afresco mostra de um lado anjos carregando a cruz e a coroa de espinhos à esquerda e uma coluna e a vara com esponja embebida em vinagre do lado direito. Lembranças da Paixão de Cristo. Os anjos, de acordo com a estética de Michelangelo, são jovens musculosos e sem asas.

Abaixo deste nível, as almas justas fazem um semicírculo em torno de Jesus e Maria. A representação de Jesus também não lembra a estética clássica do Messias. Ele parece um personagem da mitologia grega. Do lado esquerdo (direito de Jesus) estão as mulheres justas e à direita os homens justos, aqueles que foram aceito no reino celeste. De forma pouco convencional são mostrados em alegria extrema e até se abraçando e beijando de forma íntima (lembrando atitudes homossexuais). Abaixo da grelha de São Lourenço – padroeiro dos churrasqueiros – está o rosto de uma mulher, para quem se dirige o olhar de Maria: Vittoria Colonna. Era uma pessoa extremamente admirada por Michelangelo e possível paixão em sua vida também. Tommaso Cavalieri está do outro lado, abaixo e Jesus e adjacente a São Bartolomeu, padroeiro dos taxidermistas. Este santo segura a própria pele que é um auto-retrato de Michelangelo.

Um cardeal, crítico da pintura de Michelangelo, Biagio da Cesena é representado no inferno como o rei Minos.







segunda-feira, 3 de agosto de 2009

preconceitos

Outro dia vi uma reportagem na tv sobre o preconceito contra homossexuais, algo que imaginava muito superficialmente, talvez na forma de piadas e gozações na rua ou trabalho. Mas, semana passada, um funcionário de um local onde clinico, me contou uma história ocorrida durante sua rotina complementar como segurança.
Estava ele com seus colegas fazendo a segurança de um evento num clube da zona norte. Chega um rapaz "de 2 metros de altura" e diz para eles: "aquele grupo de boiolas tá mexendo com a gente e se vocês não tomarem uma providência, nós vamos tomar". Dito isto, o chefe da segurança resolveu colocar os "boiolas" para fora do clube. Não se sabe, ao certo, o que estavam fazendo, mas na dúvida, resolveu que os rapazes deveriam sair. Do lado de fora, esperando pelos "boiolas", estava o denunciante...O que se seguiu foi um show de pancadaria e preconceito, socos e chutes para tudo que é lado, agressões em gente caída no chão. Resultado: todo mundo na delegacia.
Muitas vezes, os próprios seguranças sofrem na pele quando resolvem manter a ordem por meio da violência. Grupos de jovens ameaçam de vingança e esperam o vigilante "tomar seu ônibus" para revidar com mais raiva ainda contra aquele que está só.
Nesses bailes acontecem de tudo e a mulherada também abusa. Algumas são tão ousadas que seguram a genitália dos seguranças quando passam perto deles...Estes, às vezes, aproveitam a deixa e também saem beijando quem aparece na frente. Relatos de alguém que trabalha nisso...
Mas, barra pesada mesmo são os bailes funk na periferia. Verdadeiras gangs se enfrentam durante a execução das músicas. E tome cintada dos seguranças para apartar as brigas.
E na segunda-feira, tudo volta ao que era antes...O segurança volta pro seu emprego, aqueles jovens pra sua labuta e este que vos escreve pro seu trabalho, onde ouve as histórias do fim-de-semana....

domingo, 2 de agosto de 2009

Rafael












Entrada de 18/7/2009

Livro da Taschen com a biografia do pintor italiano Rafael. Este, Michelangelo e Leonardo da Vinci são considerados a trindade do período renascentista.

Rafael nasceu em Urbino em 1483. A cidade italiana era um centro importante, do ponto de vista cultural, durante o período renascentista.

O pai de Rafael morreu em 1494 e sua mãe já havia morrido três anos antes. A sua educação esteve a cargo de Pietro Perugino, na época um dos artistas da nova geração. Com Perugino, Rafael aprendeu a importância da organização do processo criativo. Uma obra deveria passar por várias etapas de preparação até chegar no resultado final.

Diferentemente de Da Vinci e Michelangelo, Rafael não dominava tão bem os conhecimentos de anatomia, que no caso de Michelangelo produziam as belas representações de corpos musculosos e retorcidos. Em seus estudos iniciais, copiava as figuras dos dois mestres italianos, mas sem os detalhes dos dois. De Da Vinci também recebeu a influência para a técnica do chiaroscuro e o sfumato.

Um dos temas abordados de forma recorrente por Rafael é o da Madona. A Madona não é um tem biblíco e só ganhou importância, posteriormente, por meio dos teólogos. Os quadros das Madonas de Rafael eram muito populares em Florença e deram acesso às famílias ricas da época. O período florentino de Rafael em que absorveu as influências de Michelangelo e Leonardo durou quatro anos.

A mudança de Rafael para Roma finda o período de experimentação. Na fase romana, as Madonas são mais maternais e as crianças mais infantis. A fase romana (12 anos finais de sua vida), como pintor da corte papal, é o período de maior sucesso de Rafael. O Vaticano, na época, era o centro de poder de Roma. Por indicação de Bramante – arquiteto que projetou a basílica de São Pedro – Rafael foi incumbido de pintar os afrescos das salas (stanze) do piso superior do Palácio Vaticano. Os dois trabalhos mais importantes pintados nas salas do Vaticano são A Disputa e A Escola de Atenas. Assim como “A Disputa” reunia um elenco de teológos eminentes, “A Escola de Atenas” de Rafael reunia um grupo de respeitados filósofos. Este afresco teve o auxílio do arquiteto Bramante na sua composição. Nesse período, enquanto Rafael pintava os afrescos do Palácio Vaticano para o papa Julio II, Michelangelo trabalhava no teto da Capela Sistina...O papa seguinte Leão X, da família Medici, também foi outro patrocinador de Rafael no período romano.

A Escola de Atenas era um afresco que reproduzia a academia de Platão (escola de pensamento grega) e continha filósofos de várias épocas ao redor de Platão e Aristóteles. Platão representa o mundo inteligível e Aristóteles, o mundo sensível. Platão no afresco de Rafael era personificado pela figura de Leonardo da Vinci. Michelangelo estava represenado como Heráclito de Éfeso. Este foi o último personagem pintado por Rafael e acrescentado após a conclusão da obra. Heráclito era conhecido como um filósofo de temperamento amargo e que desprezava seus rivais. No afresco de Rafael ele está separado dos demais filósofos, solitário na beira de uma escada. Este acréscimo foi feito após a exposição da primeira metade dos afrescos da Capela Sistina por Michelangelo. A influência sobre Rafael foi tão grande que além de pintar um personagem a mais em "A Escola de Atenas", Rafael utilizou o tema recorrente de Michelangelo sobre a anatomia dos corpos humanos em "A expulsão de Heliodoro".

Em Rafael não há uma simbologia ímplicita, a empatia com o que era representado era que tinha importância.

Posteriormente, aos temas religiosos, foram acrescidos os interesses na pintura de representações da mitologia pagã e de personagens ou temas da Antiguidade Clássica.

Além dos afrescos, Rafael pintou muitos retábulos e foi um retratista famoso da época.

Próximo ao final da vida – o pintor morreu precocemente, aos 37 anos – Rafael foi nomeado arquiteto-chefe da nova catedral de São Pedro, cargo antes ocupado pelo finado Bramante. Na época, um arquiteto não tinha um aprendizado formal e seu sucesso era resultado da prática mesmo. Com Rafael, cujas experiências anteriores como arquiteto eram praticamente nulas, não foi diferente. Rafael era um seguidor de Bramante na glorificação da influência da Antiguidade Clássica. Este era seu projeto principal pouco antes da morte: a tradução dos escritos de Vitrúvio, que influenciou a arquitetura clássica romana e a cópia das próprias edificações existentes em Roma, consequência desta influência.

Genghis Khan

Entrada de 26/7/2009

Representante do Kasaquistão no Oscar, concorrente ao prêmio de melhor filme estrangeiro. Pelos trailers, eu já havia ficado curioso para assistir. Gosto de história e aprecio bastante filmes cujo conteúdo seja hístórico. Esta é uma superprodução que conta parte da vida de Genghis Khan, soberano mongol. Em comum com outros grandes líderes, Alexandre da Macedônia e Júlio César por exemplo, percebi o zelo que Genghis Khan tinha com seus soldados. Como, apesar de tantos réveses, ele dava a volta por cima e conseguia agregar homens que acreditavam em seu carisma como líder.
Outra coisa que a Débora comentou comigo foi a lealdade entre Genghis Khan e sua esposa. O destino dos dois havia sido traçado aos 9 anos quando se conheceram pela primeira vez. Na época, o garoto visitava um dos clãs mongóis à procura de uma futura esposa. Mesmo tendo sido obrigada a viver com guerreiros rivais por conta da fuga do marido, a esposa de Genghis Khan voltava para seu primeiro homem e este a aceitava, apesar de ser mãe de filhos que não eram seus.
O que não me agradou foi o roteiro. A história parece ser longa demais em algumas partes e curta em outras. Talvez a vida deste guerreiro fosse melhor aproveitada numa minissérie.

Reflexões acerca dos árabes

Entrada de 1/8/2009

Estou lendo um livro interessantíssimo chamado “A Cruz e o Crescente”, sobre as relações entre os povos das duas crenças dominantes: cristãos e muçulmanos (muçulmano quer dizer submetido, talvez submetido às novas diretrizes ensinadas por Maomé).

Por volta do ano 600, duas potências dominavam a região da Ásia, o império Romano do oriente e o império Persa. Esprimida entre essas duas nações estava um povo nômade que, inicialmente, estava unificado como um Estado-tampão romano dos árabes gassânicos. Eles eram importantes porque defendiam a fronteira bizantina dos persas e mantinha Constantinopla atualizada sobre o que acontecia no mundo árabe. Por algum motivo não muito bem esclarecido, Constantinopla decidiu suspender o patrocínio desses árabes, o que iniciou um período de confronto desgastante entre os bizantinos e persas.

Maomé recebeu suas revelações em 610. Em 620 ele e seus seguidores conquistaram Meca. Antes mesmo de sua morte, os árabes já haviam iniciado ataques às fronteiras orientais. Cerca de vinte anos após a morte de Maomé, eles já haviam conquistado muitos territórios bizantinos e absorvido completamente o império Persa. Em 635 capturaram Damasco, em 638 Jerusalém e em 642 Alexandria, território egípcio, que era província rica bizantina. Em 670 fundaram uma cidade na Tunísia e de lá lançaram ataques ao Marrocos que caiu em 681 e Cartago em 698. Da África rumaram em um ataque maciço à Europa em 711, quando invadiram a Espanha. Em 718 tomaram toda a península ibérica e a partir dali passaram a enviar ataques a França.

Portanto, num período de cerca de cem anos, eles passaram de povo que serve a povo que domina, devastando os dois principais impérios do planeta na época e fincando bases no ocidente.

É admirável a capacidade de mobilização desse povo, a determinação e o senso de rebeldia contra o status dominante. Devemos respeitá-los e conhecer o que há de bom na cultura e modo de vida deles. Nunca subestimá-los ou oprimí-los, pois eles estarão prontos a responder de forma surpreendente...Temos exemplos contemporâneos disso...

Minha nova casa

Eu já tenho um blog, na ativa há alguns anos, mas sinto necessidade de um espaço mais popular que o spaces para colocar minhas idéias. Assim, vou manter os dois ativos e o que for escrito para um, também vai estar no outro.